Carlos Carranca - neste lugar sem portas

domingo, julho 29, 2007

VIDA


SE tens pressa

demora-te.

Vai devagar na tua pressa.

Há um tempo único só teu.

Planta a flor que outros

hão-de colher

e verás que nesse teu

jeito de ser

a vida te merece .



Carlos Carranca (28-7-2007)

sábado, julho 21, 2007

Luto Académico 69




terça-feira, julho 17, 2007

UMA BARQUINHA PARA O ZECA


Vai a barquinha
vai
a menina
vai
p'lo rio a passar

cai a neblina
cai
a farinha
cai
moleira do mar.

Vai a barquinha
cai
a neblina
vai
p´lo rio a passar

vai a menina
cai
a farinha
cai
moleira do mar.

Vai a barquinha
vai
a menina
vai a barquinha
vai .

Cai a neblina
cai
a farinha
cai
moleira do mar.


Carlos Carranca 7.julho.2007

quarta-feira, julho 11, 2007

FIGUEIRA DA FOZ


É por ti
é por ti que o mar
não dorme

e o meu amor é da fome
dos barcos loucos
por ti.

É por ti
é por ti que o sol
não cansa

e o meu viver de criança
são braços soltos
p' ra ti.

Roubei-me à fome
do mar
por ti
deitei-me a cantar.
(bis)
Foi por ti...


C Carranca
(letra de uma balada composta no dia 4-7-2007)

quarta-feira, julho 04, 2007

Falar por falar


A política americana no mundo sempre se caracterizou pelo desprezo de tudo que não fosse da sua área de influência.
Pergunto se não será já tempo de a União Europeia – a tão desejada União-passar a agir como um todo, com voz própria, analisando autonomamente e mais de perto o interesse nacional, o mundo livre e os princípios que os EUA dizem professar.
Será a guerra no Afeganistão uma guerra religiosa?
O ex-pugilista Mohammed Ali, ao ser interrogado quanto ao facto de partilhar a mesma religião com Bin Laden, retorquiu: «E o senhor, como é que se sente ao partilhar a mesma religião com Adolf Hither?»
Recordo aqui que o atentado de Oklahoma foi realizado pelo americano-cristão - herói da Guerra do Golfo, Timothy McVergh.
- O que faz a Grã-Bretanha nesta guerra?
A propósito do Governo Britânico que na altura apoiou os EUA na guerra do Vietename, uma das mais eminentes figuras do século XX, a quem o «Observatore Romano» se inclinou «perante o seu envolvimento sem reservas à causa da dignidade humana». Bertand Russell deixou escrito na sua obra «Crimes de Guerra no Vietname»: «Quando comparo os horrores da guerra do Viatename com o manifesto eleitoral do Governo Trabalhista, deparo com a mais vergonhosa traição cometida neste país, em tempos modernos. Hitler, ao menos, raramente se fingia humano; mas estes homens – que agora conspurcam o poder – fingem professar, antes das eleições, os mais nobres e puros ideais da fraternidade humana.»
Recordo, também, o que o embaixador Franco Nogueira (antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar) me confidenciou, nos seus tempos de professor universitário: «Em política externa tudo o que parece não é.»
Concluo, muitos anos depois, do que tenho lido e ouvido: o conflito no Afeganistão, para além do que nos é dado saber e entender, dele nada ou quase nada conhecemos.
Quanto à acção retaliadora anglo-americana, interrogo-me se ela estará carregada dos tais valores humanistas, ditos ocidentais. Será que não?
Há poucos anos atrás os EUA transformaram o Paquistão e o Afeganistão num dos maiores produtores mundiais de droga.
Dir-me-ão os leitores que não foram os americanos que deram ordem para plantar ópio, mas sim os mujahedines.
Será, mas eu lembro-me do argumento apresentado por um nazi que dizia não ter morto um único judeu, tendo apenas fornecido os camiões.

in: Acção Socialista, 2001

terça-feira, julho 03, 2007

IDENTIDADE


Despojados do que somos
só o silêncio guarda a nossa identidade.
Limite do amanhã e do que fomos
a coutar a nossa intimidade.


in: O Espírito da Raiz

OS CAMPOS DA MINHA TERRA

(Entre Coimbra e a Lousa)

à Virgínia

Os campos da minha terra,
são campos tristes, são ais,
entre veredas e a serra,
cerzidos de laranjais.

Oh, campos onde nasci!
Paisagem de neblina.
Mondego de luz, sorri
aos olhos dessa menina

que sonha frutos e aves
— abraços da natureza.
Oh, campos da minha terra,
razão da minha tristeza...

Serenatas de Novembro,
vozes de amor e guitarras...
Nasci do mês, e o que lembro,
são ânsias desencontradas.

Campos, eu vos bendigo!
— infância, luar sem lei —,
a vós regresso, abrigo,
pureza que eu já não sei.

in: O Espírito da Raiz