Carlos Carranca - neste lugar sem portas

segunda-feira, maio 31, 2010

Carlos Carranca - Balada Para Um Rabelo

sábado, maio 29, 2010

Luiz Goes - HOMEM SÓ MEU IRMÃO

quarta-feira, maio 26, 2010

Luiz Goes - Andam pela terra os poetas

quinta-feira, maio 20, 2010

Caranguejola

No dia em que faz 120 anos que Mário de Sá-Carneiro nasceu, recordamos a sua obra através de um dos seus últimos poemas: Caranguejola.


Ah, que me metam entre cobertores,
E não me façam mais nada!...
Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,
Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!

Lã vermelha, leito fofo. Tudo bem calafetado...
Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira...
Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado
Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.

Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.
Pra quê? Até se mos dessem não saberia brincar...
Que querem fazer de mim com estes enleios e medos?
Não fui feito p'ra festas. Larguem-me! Deixem-me sossegar!...

Noite sempre plo meu quarto. As cortinas corridas,
E eu aninhado a dormir, bem quentinho - que amor!...
Sim: ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor -
Plo menos era o sossego completo... História! Era a melhor das vidas...

Se me doem os pés e não sei andar direito,
Pra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?
Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde.
Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito...

De que me vale sair, se me constipo logo?
E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?
Deixa-te de ilusões, Mário! Bom édredon, bom fogo -
E não penses no resto. É já bastante, com franqueza...

Desistamos. A nenhuma parte a minha ânsia me levará.
Pra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?
Tenham dó de mim. C'o a breca! levem-me p'rá enfermaria -
Isto é: p'ra um quarto particular que o meu pai pagará.

Justo. Um quarto de hospital - higiénico, todo branco, moderno e tranquilo;
Em Paris, é preferível, por causa da legenda...
De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda;
E depois estar maluquinho em Paris, fica bem, tem certo estilo...

Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.
Agora no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras.
Nada a fazer, minha rica. O menino dorme. Tudo o mais acabou.

Referência completa: Sá-Carneiro, M. ( 1985). Poesias completas. Porto: Orfeu, páginas 105-107

segunda-feira, maio 17, 2010


Poeta, divulgador de poesia, infatigável animador cultural e militante dos valores da liberdade e da fraternidade, Carlos Carranca, nos dois textos de fundo que integram este volume, homenageia Miguel Torga, franqueando-nos, simultameamente, portas iluminadas para o conhecimento ainda mais pormenorizado da sua obra e da sua visão do mundo.
José Jorge Letria

domingo, maio 16, 2010

Carlos Carranca na Aula Magna





segunda-feira, maio 10, 2010

No Panteão Nacional, Homenagem a Almeida Garrett prestada pela Associação de Estudantes da ESE Almeida Garrett
(Dia 6 de Maio de 2010)






No mesmo dia, à tarde, cerimónia de reabertura da Biblioteca.




Carlos Carranca - Serenata Nuclear

sexta-feira, maio 07, 2010

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto
Isolino Vaz


Isolino Vaz nasceu na freguesia da Madalena, Vila Nova de Gaia, em 23 de Abril de 1922.

Fez os estudos primários na escola da sua freguesia e, em 1935, matriculou-se na Escola Industrial de Arte Aplicada de Faria Guimarães, na cidade do Porto, na qual alcançou diversos prémios.

Em 1940 pintou o primeiro retrato e iniciou a vida activa na secção de pintura da Empresa Electro-Cerâmica de Vila Nova de Gaia.

Em 1943 matriculou-se na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, tendo obtido logo nesse ano o seu primeiro galardão – o 2.º Prémio José da Costa Meireles Rodrigues Júnior. Dois anos mais tarde, a Câmara Municipal de Gaia concedeu-lhe uma pensão anual. Ao longo da sua carreira viria a receber muitos outros prémios de diversas entidades como a ESBAP, a Academia Nacional de Belas Artes e o Secretariado Nacional de Informação.

Em 1946 foi nomeado professor da Escola Industrial de Arte Aplicada de Faria Guimarães, no Porto.
Dez anos depois, em 1956, apresentou a sua Tese, denominada «Emigrantes», com a qual terminou o curso de Pintura com a classificação de 19 valores.
Em 1950 passou a leccionar na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, e, em 1986, na Escola Marquês de Pombal, em Lisboa.

Além de pintar e desenhar (frescos, óleos, aguarelas e crayon, desenhos, litografias, caricaturas, retratos e ilustrações), também se dedicou à escultura e à produção de medalhas, selos, vitrais e azulejos.

Entre outras obras, desenhou a nanquim as Armas-de-Fé de D. Francisco Maria da Silva, Bispo Auxiliar de Braga (1957), pintou o fresco «Fundação do Tribunal do Comércio», para o Palácio da Justiça, Porto (1959), executou uma tela a óleo para o Altar-Mor da igreja do Louro, Famalicão (1970), e produziu o retrato de Bento de Jesus Caraça (1978), bem como as Armas-de-Fé de D. José Augusto Pedreira.

David Mourão-Ferreira, que o mestre retratou em 1991, mandou-lhe um cartão, no qual escreveu: "… Com que palavras agradecer-lhe o excelente retrato que de mim fez? Além do afectuoso MUITO, MUITO OBRIGADO! que do coração lhe exprimo, permita-me que lhe ofereça um exemplar da última edição de Um Amor Feliz…".

Isolino Vaz é autor de inúmeras ilustrações para publicações periódicas, como para o jornal "O Tripeiro", para o número especial d' «O Viajante», de apoio à candidatura de Miguel Torga ao Nobel da Literatura, em 1992 (de quem, aliás, pintou um retrato a carvão), para o Boletim da Associação Cultural «Amigos de Gaia»; para revistas («Idealeda», "Lusíada" e «Antero», comemorativa do centenário da morte de Antero Quental); para o Boletim do C.A.T., dos Empregados do BBI; e para catálogos de livrarias e exposições.

Isolino Vaz coleccionou cartões de boas-festas e postais e ilustrou livros escolares e obras literárias e poéticas de autores como Aurora Jardim, Amélia Vilar, Alberto Uva, Gentil Marques, Bomfim Barreiros, Rufino Ribeiro, Maria Alexandrina, Jerónimo Augusto, João Isabel, Joaquim Saraiva, Carlos Carranca e Morenito Rebelo. A célebre colecção de capas da obra de Arnaldo Gama, editada pela Livraria Simões Lopes, de Manue Barreira, nos anos 40 e 50, é da sua autoria.

O artista chegou, também, a dedicar-se à banda desenhada, publicando, no n.º 37 de "A voz de Ermesinde", em 1960, duas pranchas, em páginas contíguas, contendo vinhetas alusivas a episódios do Antigo Testamento.

Num tempo em que a cultura gravada e a música estavam na moda e começavam a tornar-se produto de consumo de massa, Isolino Vaz também ilustrou as obras discográficas «Ferreira de Castro», «Aquilino Ribeiro», «Natal» (1959) e «Fátima – Cânticos» (1963) e a capa do livro de poemas «Bailado de Sombras», de Morenito Rebelo (1963). Já no período pós-revolução de Abril concebeu o postal e cartaz «48 anos – Fascismo, Miséria e Terror» (1974) e, em 1990, produziu uma litografia com um retrato inédito de Camilo Castelo Branco; além disso, editou um postal com a caricatura de Camilo Castelo Branco, no âmbito das Jornadas Camilianas, em Vila Real.

Isolino Vaz executou 10 vitrais para a Igreja de Santo Ildefonso, no Porto, em 1967, os vitrais da Capela do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, em 1983, os do edifício da Câmara de Manteigas (1988) e a pintura para a igreja medieval de Pinhovelo, Macedo de Cavaleiros. Esculpiu, também, uma figura de Cristo para a Capela Nova da Madalena, em Vila Nova de Gaia, no ano de 1970.

Executou várias medalhas comemorativas: 90.º Aniversário dos Bombeiros Voluntários do Porto, de 1967; 25.º Aniversário da Cooperativa «Lar Económico», de 1973; 25 de Abril, de 1974; Centenário dos Caminhos-de-Ferro; Centenário dos Bombeiros Voluntários do Porto; I Aniversário do 25 de Abril; cinquentenário da Liga Portuguesa de Profilaxia Social; Centenário da Igreja Paroquial de Valadares, de 1975; inauguração do novo quartel dos Bombeiros de Valadares, de 1978; Cinquentenário d' «O Comércio de Gaia», de 1980; Centenário da Associação Vilanovense de Socorro Mútuo, de 1982; 50.º Aniversário da Biblioteca Municipal e da Casa-Museu Teixeira Lopes, de Vila Nova de Gaia, de 1983; Centenário da Escola Marquês de Pombal, em Lisboa, de 1986; alerta contra a poluição «Salvemos o Mundo – contra a poluição», Valadares, Gaia, de 1972, e, finalmente, «Contra a Poluição», de 1988.

Desenhou 9 selos para o Paraguai sobre o tema da Adesão/Participação nas Olimpíadas de Munique/1972 (1971) e criou cinco azulejos para a Associação «Amigos de Gaia» (1979).

Colaborou em várias publicações periódicas, como o Boletim dos "Amigos do Porto" e a revista da Associação Fotográfica do Porto. Como ilustrador, contribuiu para as revistas «O Pejão», «Lá Vamos», «Almanaque Ilustrado», «Oliva» e «Portugal D'Aquém e D'Além Mar» e para o «Jornal Feminino». Foi director artístico e colaborador da obra «Janelas Portuguesas» (1956), editor do mensário de iniciação cultural «O Meu Amigo» (1961) e membro da Direcção e Redacção do Boletim Cultural de Gaia, do Grupo dos Amigos do Mosteiro da Serra do Pilar (1967).

Também é da responsabilidade de Isolino Vaz o aclamado restauro artístico da Igreja dos Congregados, no Porto (1959).

Prefaciou catálogos de exposições artísticas, e fez o prefácio e as caricaturas para o catálogo dos expositores Jaime Palmela, Udo Kösle e Alberto Guimarães (1959).

Integrou diversos júris: o de admissão e classificação do 2.º Salão de Arte Fotográfica, do Porto, em 1955; o de Belas-Artes no Dia das Colectividades, na Feira Popular do Porto, em 1958; o de um concurso artístico do Secretariado Nacional de Informação, em 1959, e o do Concurso Fotográfico, «O Românico e o seu Ambiente», organizado pelo Ateneu Comercial do Porto em colaboração com a Associação Fotográfica, em 1964.

Associou-se e orientou visitas culturais e de estudo, dentro e fora do país (Holanda, Bélgica, França, Espanha, Dinamarca, Suíça e Alemanha), para escolas, jornais como "O Meu Amigo" e associações culturais como os Fenianos Portuenses e a Associação dos Cegos.

Expôs no estrangeiro, nomeadamente em Moçambique e na Suíça, e em Portugal, em diversas galerias – Galeria Arte Nova, Galeria "DN" –, em escolas – de Vila Nova de Gaia, do Porto, de Espinho e de Lisboa-, na ESBAP, na Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, na Academia Dominguez Alvarez, na Casa do Infante, na Cooperativa Árvore, no Clube dos Fenianos do Porto, no Mercado Ferreira Borges e no Museu Nacional de Soares dos Reis, no Porto, e, ainda, na Casa-Museu Teixeira Lopes e na Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia.

Entre os anos 50 e 90 participou em inúmeras palestras cultura e ensino, na ESBAP, na Escola Industrial e Comercial de Gaia, no Instituto Cultural do Porto, no Orfeão de Valadares, em Mesão Frio e na Escola Secundária de Alvide.

Foi, de igual modo, um consagrado desportista, tendo-se revelando um grande corredor, que participou em provas desportivas e em eventos pedagógicos e associados a causas sociais, entre 1976 e 1990.

Este artista multifacetado e homem de muitas causas morreu no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, a 21 de Julho de 1992. A junta de freguesia da sua terra natal homenageou-o recentemente, propondo o seu nome para uma artéria, Rua Mestre Isolino Vaz, sugestão que a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia aprovou.

(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010)


As três oliveiras

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quarta-feira, maio 05, 2010

25 de Abril com Fernando Nobre na Avenida da Liberdade



Foto Machado dos Santos

segunda-feira, maio 03, 2010



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UMA DEUSA EM QUE CREIO

sábado, maio 01, 2010

O PRAZER NO TRABALHO APERFEIÇOA A OBRA

Aristóteles (384-322 a.C.)

Carlos Couceiro relembrado no Boletim da Sociedade da Língua Portuguesa*


*Por engano Carlos Couceiro é dado como executante de viola quando a sua paixão era a guitarra portuguesa

Filipe Batista: Um Apaixonado pela Música de Coimbra