quinta-feira, maio 24, 2007

Sete poemas para Carlos Paredes

Lidos por Alexandre Babo

Poemas cristalinos, harmoniosamente depurados, belos,
ligação entre a modernidade e o melhor da lírica
tradicional portuguesa.
Poemas lapidares em que o poeta se irmana com o
sonho e com o génio e nos transmite o fogo onírico
desse génio.
De um grande poeta lusitano a outro
poeta que canta e exprime o melhor
da nossa alma secular.

Sete poemas exemplares

Parede - 13-3-996 Alexandre Babo

A terceira edição de um livro de poemas, no espaço de dois anos, já por si, não pede argumentos. Porém, tratando-se de um poeta, cujo estro solfa luz própria, o acontecimento adquire júbilo comemorativo. Inflacionados por obras estéreis que proliferam em quantidades de mesmice repartida, este livro de belas letras, comove.
António Gedeão, cansado de ver simples jogos de palavras, às vezes engenhosas, não esconde que só muito intervaladamente, aparece uma nova voz. Ele próprio afirma que "a poesia de Carlos Carranca é uma dessas raridades ".
Vindimar empenhadamente a poesia de Carlos Carranca, nome que a literatura pátria já elegeu, é comungar um mosto servido à mesa do verbo seduzir. Nele, a pulsão genética, metamorfoseia a celulose do papel em campo branco de autenticidade, onde possesso de lírica crispação, regista uma escrita singular, enevoado por um céu, radie ularmente preso, não à terra solta, mas à pedra da terra. A genuidade criadora (angustiada humanidade na combustão do Belo) oferece um fruto deiscente segregado pelo "quantum" de órficos neurónios, soprados ao bafo quente do esplendor emotivo. Então, o talento vai servi-lo, procurando a sublime ascensão, que no pico máximo da palavra, é o dizer poético.
Lemos com os cinco sentidos, Carlos Carranca. Ao ouvi-lo dizer, o sexto sentido revela-se. "7poemas para Carlos Paredes" motivados pela homenagem à imparídade do Mestre, também memorizam no inconsciente lúcido que fermenta toda a estesia, um cantar nostálgico de trovador, à {morredoura música das guitarras que ainda choram Alcácer-Quibir. Nesta obra, as guitarras de Artur Paredes e Carlos Paredes, (dois génios no reino de Euterpe), a guitarra do autor, todas as guitarras, ultrapassam a/actualidade e levitam na estatura de nómenos, por intercessão deste transbordante culto que o Poeta oficia. Os versos de Carlos Carranca (porque não, lermos ou relermos, Serenata Nuclear ?), São labaredas inquietas que nos perseguem após a paragem das palavras.

Santos Viegas