A Coragem de Sermos
(Prefácio à obra Do Galaico-Português à Lusofonia)
Para que não se repita a evidência já constatada por Aquilino: «Dizem que o português é uma língua rica. Ê mas é pobre, tem palavras a mais», vou ser parco em palavras, a propósito desta obra dedicada aos jovens que se iniciam no estudo da cultura portuguesa.
Maria Fernanda Godinho Esteves ama Portugal e o Brasil, suas duas pátrias, e estuda a sua língua e seus cultores num processo de reunificação nacional-afectivo, como traço de união (para utilizar uma expressão de Torga) de uma pátria comum.
Mas será que a lusofonia existirá, na realidade, como comunidade de países de língua portuguesa? As comemorações oficiais desta comunidade têm revelado aos olhos de todos, uma fraude com intenção de ocultar erros, distribuir medalhas, acumular riquezas; tudo em nome de valores caros, não só ao património histórico dos que falam português, como à Humanidade em geral. O nosso tempo, tão complexo quanto bárbaro, não nos deixa tempo para vermos «claramente visto». A globalização, em nome do progresso e da liberdade, esmaga-nos o olhar, a nós, que somos de «uma vaga pátria carinhosa».
Como afirmou Eduardo Lourenço, o nosso país «é um país pequeno mas tem imaginário hiperbólico». Anda ansioso, Portugal por re cuperar de uma forma literária e mítica a identidade que «Os Lusíadas» lhe deixou pelo mundo repartida e que hoje lhe falta.
Este livro, simples, dedicado aos jovens, retoma essa necessidade de reencontro com o nosso imaginário.
Como um livro, a Pátria é o local de reencontro, onde se pensa a nossa condição e se revelam desígnios.
A lusofonia tem a dimensão, se assim o quisermos, de um mundo que ajudámos a achar, na certeza porém, de que hoje os Oceanos já não estão por desvendar, e que o mais importante é preservar, para todos, o que é de todos, em nome de todos os idiomas; os Oceanos concretos que conservam a vida no planeta que perecerá se não houver, de novo, a coragem de sermos.
Monte Estoril,
Carlos Carranca
(Prefácio à obra Do Galaico-Português à Lusofonia)
Para que não se repita a evidência já constatada por Aquilino: «Dizem que o português é uma língua rica. Ê mas é pobre, tem palavras a mais», vou ser parco em palavras, a propósito desta obra dedicada aos jovens que se iniciam no estudo da cultura portuguesa.
Maria Fernanda Godinho Esteves ama Portugal e o Brasil, suas duas pátrias, e estuda a sua língua e seus cultores num processo de reunificação nacional-afectivo, como traço de união (para utilizar uma expressão de Torga) de uma pátria comum.
Mas será que a lusofonia existirá, na realidade, como comunidade de países de língua portuguesa? As comemorações oficiais desta comunidade têm revelado aos olhos de todos, uma fraude com intenção de ocultar erros, distribuir medalhas, acumular riquezas; tudo em nome de valores caros, não só ao património histórico dos que falam português, como à Humanidade em geral. O nosso tempo, tão complexo quanto bárbaro, não nos deixa tempo para vermos «claramente visto». A globalização, em nome do progresso e da liberdade, esmaga-nos o olhar, a nós, que somos de «uma vaga pátria carinhosa».
Como afirmou Eduardo Lourenço, o nosso país «é um país pequeno mas tem imaginário hiperbólico». Anda ansioso, Portugal por re cuperar de uma forma literária e mítica a identidade que «Os Lusíadas» lhe deixou pelo mundo repartida e que hoje lhe falta.
Este livro, simples, dedicado aos jovens, retoma essa necessidade de reencontro com o nosso imaginário.
Como um livro, a Pátria é o local de reencontro, onde se pensa a nossa condição e se revelam desígnios.
A lusofonia tem a dimensão, se assim o quisermos, de um mundo que ajudámos a achar, na certeza porém, de que hoje os Oceanos já não estão por desvendar, e que o mais importante é preservar, para todos, o que é de todos, em nome de todos os idiomas; os Oceanos concretos que conservam a vida no planeta que perecerá se não houver, de novo, a coragem de sermos.
Monte Estoril,
Carlos Carranca
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home