terça-feira, abril 21, 2009

O ALMA

Sou o Alma das visões misteriosas,
Venho da Sombra mãe que me criou
E viveram em mim todas as cousas...
Sou o triste, o lunático, o abantesma...
Canto loucuras que ninguém percebe
E dizem que transtorno o juizo deste Povo.
Sou o Alma e leio a sina das donzelas,
Vivo de esmolas e durmo as noites frias
Sobre a lama
e debaixo das estrelas.
Sou o Alma e rezo estranhas profecias.
Vejo o futuro em sangue deste Povo,
Tempestades, tumultos, gritarias!
Velho orates cantando pesadelos


Profeta que prega o fim do mundo...

VOZES

É o Alma, o poeta, o doido!
Fora! Fora!



(Texto de abertura da peça D. CARLOS de Teixeira de Pascoaes em palco na Marina de Cascais. Encenação de Carlos Avilez -_Teatro Experimental de Cascais)


É OBRIGATÓRIO IR VER. NÃO FALTE!!! É só até ao dia 17 de Maio.

2 Comments:

Blogger Teresa Raquel said...

Um texto que me fez reflectir muito. Um poema infinito, como um sonho eterno. Teatro para gente sensível. Gente que sabe ouvir. Gente que sonha!

Um beijinho, e muito bem-haja ao meu professor, meu poeta de eleição!

5:06 da tarde  
Blogger Gaius said...

"Que luz tão fria. Ai que tristeza e melancolia!"
Escrita sensível. Humana. Natural. Parece traduzir a essência da vida. Um poeta fantástico que faz-nos pensar que realmente nasceram dele todas as cousas. É brutalmente português mas, para além disso, é universal com a essência lusitana o que na minha opinião é genial. E o espectáculo é uma sucessão de pinturas que traduz para a visão aquilo que ouvimos. É de parar a respiração.
Sim, vale muito a pena ver o espectáculo não só pela genialidade do poeta mas também pela genialidade do encenador.

4:56 da tarde  

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