quarta-feira, janeiro 12, 2011

FERNANDO NOBRE – A CANDIDATURA DA LIBERTAÇÃO

por Eduardo Aroso



Dito desta maneira, pode ser incompreensível para muitos e até chocante para alguns. O certo é que Fernando Nobre, que não é travesti da política, traz, como a primavera que lenta mas seguramente se aproxima, a semente sã para ser lançada na sociedade portuguesa. Ele é a cor que pode lavar o cinzento da nossa democracia, cada vez mais cinzenta, entenda-se, de cinzas. De facto, Portugal, há já muito tempo, que está em quarta-feira de cinzas. Fernando Nobre pode anunciar a ressurreição ou renascimento, como cada um queira entender. O Estado providência, transformado em Estado indecência, ficou-nos um Estado hipnótico. Os hipnotizadores, sabemos quem são. Amarram o sonho, colocam a máscara pegajosa do velho paradigma que agoniza desesperado: o dos políticos que nunca tiveram profissão e que lançam estranhas inquisições sobre o povo que, elegendo os fazedores da lei, deles recebe a lei que amesquinha quem elege o legislador. É urgente que se diga, no círculo de cada um, que Fernando Nobre tem sabido utilizar a chave para abrir estas grades que nos acorrentam diariamente: a de ter que ouvir os mesmos políticos que foram carrascos e agora, miraculosamente, se apresentam como salvadores. E a chave de Fernando Nobre não é feita de metal pesado, e muito menos a do «vil metal» utilizada pela partidocracia: é a que ele sempre teve, feita do metal nobre da sua competência, da sua honestidade e – vale dizê-lo – da sua simpatia e afabilidade. É de todos conhecido o magistral painel de Almada Negreiros, intitulado «Começar», patente na Fundação Gulbenkian. Desconheço as razões que levaram o artista – se é que ele as explicou - a denominar a sua obra «Começar», ou se terá hesitado no nome «Recomeçar». O certo é que aquilo que escreveu nos pode servir de modelo para a candidatura de Fernando Nobre que, quis o Destino, adoptou como palavra-chave RECOMEÇAR PORTUGAL.

Ponto de Bauhütte:

Um ponto que está no círculo
E que se põe no quadrado e no triângulo.
Conheces o ponto? tudo vai bem.
Não o conheces? tudo está perdido.

(Almada Negreiros)


Coimbra, 12 de Janeiro 2011
Eduardo Aroso