quinta-feira, outubro 14, 2010


PRESIDENCIAIS


NOTÍCIAS FN2011- Entrevista ao Diário de Coimbra-13/10/10

PRESIDENCIAIS

Fernando Nobre diz que país está perto da bancarrota

Fernando Nobre não ficou indiferente à “tragédia” social para a qual caminha Portugal e assumiu-se como candidato à Presidência da República.

Crê que o povo sabe que os “profissionais” da política colocaram o país numa situação de “grande sofrimento” e que, por isso, votarão em si a 23 de Janeiro.

Para já tem cinco dias e uma agenda preenchida para seduzir o eleitorado de Coimbra

Diário de Coimbra (DC): Iniciou ontem uma visita de cinco dias ao distrito que se insere numa “volta” a Portugal em 97 dias que pretende dar até Dezembro. Que balanço espera fazer desta passagem por Coimbra?


Fernando Nobre (FN): Até sábado passarei em dez concelhos, contactarei com autarcas, instituições, estudantes, pessoas de rua. O objectivo deste périplo, tanto no distrito de Coimbra como em todo o país, é ter um conhecimento muito mais aprofundado das realidades de Portugal. Não é que eu já não tivesse, porque, enquanto fundador e presidente da AMI, há dezenas de anos que percorro o país. Mas agora o objectivo é diferente: contactar com as forças vivas para ter um conhecimento profundo da realidade do nosso país.


DC Esta volta pelo país é a forma de um candidato que não está associado a nenhum partido seduzir o eleitorado?


FN: Sim. Candidatei-me a 19 de Fevereiro e, até aí, nenhum português me tinha visto como candidato a um cargo político, ao contrário de outros que há dezenas de anos andam metidos nestas andanças dos corredores do poder e da classe política. Candidato-me a Presidente da República porque este é o único órgão ao qual um cidadão independente como eu e com o meu percurso de vida tem legitimidade para se candidatar, porque poderei exercer funções com total equidistância e equidade em relação a todos os partidos políticos e porque tenho um conhecimento do mundo e de Portugal que não são vulgares, com toda a humildade. Por tudo isto, entendi que tinha de fazer uma aproximação aos cidadãos, uma campanha de proximidade.



DC O que é que move um médico, com o seu percurso profissional, com o prestígio que tem a nível nacional e internacional, a dar um passo destes?


FN: Entendi que o nosso país estava a caminhar para uma grande tragédia nacional em termos sociais. Toda a minha vida foi vivida na preocupação com o outro, na solidariedade. Se tenho uma marca identitária é essa. O nosso povo está a entrar em grande sofrimento e desde que eu me candidatei a forma como tem evoluído o nosso país só vem confirmar o que já pressentia. Estamos a caminho de uma grande crise social com mais desemprego, precariedade. Entendi que, face a isto, tinha chegado o momento de dar o meu contributo para tentar melhorar essas condições. Tenho direito legítimo para invocar como lemas fortes da minha candidatura a solidariedade, a cidadania, a necessidade de mudança, porque sempre foram esses os lemas da minha vida. Não os estou a invocar por mero oportunismo eleitoralista.

DC: Acredita que os eleitores vão estar consigo, que conseguirá romper com o estereótipo de que um candidato a um cargo político, mesmo ao de PR, tem de estar associado a um partido?


FN: O voto do povo é soberano. O povo português votará como entender. Eu estou neste combate, foi para isso que me candidatei. Entendi que tinha de ter um discurso de verdade para com os portugueses e dizer os problemas que já existem e os que se estão a avizinhar. O povo pode escolher ser governado pelos mesmos que levaram Portugal ao ponto em que está hoje, porque entende que só os políticos profissionais têm de gerir o Estado, mas o resultado está à vista. Estamos hoje a caminho de uma bancarrota, de uma falência do Estado. Estamos à beira da chegada do FMI. Se os portugueses entendem que devem continuar a confiar nos mesmos, então que votem em concordância com isso. Agora, se entendem que chegou a hora da mudança, da ruptura com um sistema que nos levou à beira de um precipício económico e social e que é preciso termos nos órgãos de soberania cidadãos com experiência de vida, com obra feita, estou aqui. Não sou um retórico. Se o povo quiser escolher retóricos vai ter opção. A minha vida sempre se definiu por trabalho e acção. Não tenho reformas vitalícias acumuladas. Não vou para Belém para ter um prémio de fim de carreira, nem para me refastelar num cadeirão, mas para continuar a percorrer o país, com força, determinação, vontade de fazer. O povo decidirá em consciência o que é melhor para ele.

DC Não o preocupa o facto de termos quatro candidatos para o eleitorado de esquerda?


FN: Eu fui o primeiro candidato, portanto, se alguém veio dividir foi quem veio depois. Na estrutura da minha candidatura estão pessoas de todos os quadrantes partidários, do PP ao “Bloco”. Estou aqui para unir os portugueses e não para entrar em quezílias estéreis, estereótipos, carimbagens. Isso é mais parte do problema do que parte da solução. E Portugal hoje precisa de solução. E nesse sentido, esta candidatura é transversal. Eu quero ter ao meu lado portugueses com mais-valia, de bem, com coluna vertebral, decididos a darem algo ao país, porque o país exige isso. Se alguém vem dividir não sou eu. Eu já cá estava quando os outros chegaram.

DC: As eleições estão marcadas para 23 de Janeiro. Afirmou que está confiante na vitória. Caso seja eleito, que Presidente da República será Fernando Nobre?


FN: Serei um Presidente da República justo, equitativo em relação a todos os partidos políticos porque nunca fiz parte de nenhum. Olho para eles todos da mesma maneira. Serei um Presidente da República interventivo, que utilizará todos os meios, todos os poderes que a Constituição me confere. Não vou abdicar de nenhum. Entendo que a Constituição da República confere poderes suficientes ao Presidente da República se ele quiser intervir. Ele tem funções próprias que lhe estão conferidas, mas depois pode, a título de exemplo, mandar mensagens específicas à Assembleia da República, convocá-la extraordinariamente, fazer mensagens muito claras ao povo português… Isso não tem sido feito.



Candidato satisfeito com apoio conimbrincense
Carlos Carranca (porta-voz da Comissão de Honra Distrital), Manuel Leitão Cruz (coordenador distrital), assim como Emília Martins, Isabel Garcia, Luís Goes, Manuel António, Virgílio Caseiro, entre muitos outros que integram a Comissão de Honra, são alguns das personalidades do distrito que apoiam Fernando Nobre na sua corrida à Presidência da República.
Um grupo de pessoas, divulgado ontem, que deixa o candidato satisfeito e confiante no combate político que se avizinha, não só porque vêm de vários quadrantes políticos, mas porque, como afirmou, «são pessoas altamente representativas da sociedade coimbrã e do distrito de Coimbra. São nomes que me honram muito, pessoas que eu contactei pessoalmente, de extrema mais-valia, portugueses de bem» que, como adiantou, o ajudarão a transmitir a mensagem de solidariedade e de esperança que acompanha a sua candidatura



Gastar dinheiro em cartazes é “obsceno”
Fernando Nobre diz que seria «obsceno», num «período de grande dificuldades económica e financeira para centenas e milhares de portugueses», a sua candidatura gastar «fortunas» em cartazes e que, por isso, este tipo de propaganda não fará parte da sua campanha para as eleições presidenciais. «Cada cartaz custa perto de 800 euros, portanto 500 cartazes são 400 mil euros e eu acho isso obsceno para a generalidade da população portuguesa», afirmou o candidato. A.M.

Cavaco devia ter sido “incisivo” na discussão do Orçamento


DC: Acha que os sucessivos Presidentes da República têm estado reprimidos na sua intervenção por estarem associados a um partido? Nomeadamente o professor Cavaco Silva? É uma crítica que lhe aponta?


FN: Acho que o professor Cavaco Silva, enquanto conhecedor da Economia e das Finanças e, pelo menos, desde a falência do Lemman Brothers devia ter sido muito mais incisivo, devia ter enviado mensagens à Assembleia da República, tê-la convocado extraordinariamente, assim como o Conselho de Estado. Devia ter dado ao país sinais claríssimos de alerta e não ter empurrado a solução dos problemas para os partidos políticos. Em vez disso, deixou extinguir o prazo em que podia tomar uma decisão, mesmo que radical. Por outro lado, também foi gerador de instabilidade nas relações entre instituições com a questão das escutas entre Belém e S. Bento, que está por explicar. Para além disso, fez com que Portugal andasse, em 2009, entretido com três actos eleitorais, que gastaram muito dinheiro do erário público e arrastaram a aprovação do Orçamento para 2010 para Maio deste ano.

DC No início desta semana, Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio apelaram ao bom-senso dos partidos para a aprovação do Orçamento de Estado, sob pena de o país cair numa “situação deplorável”. Pensa que, também aqui, o professor Cavaco Silva falhou na tentativa de união dos partidos em torno deste Orçamento de Estado?


FN: Sabemos que o país está numa situação difícil. Acho que precisa de um orçamento, embora não de um orçamento qualquer. Há que apelar ao bom-senso, ao diálogo e à convergência. Acho que o Presidente da República devia ter intervido de uma forma mais incisiva, discreta mais incisiva, nas conversas entre os lideres partidários, para lhes deixar bem claro, antes de ter esgotada a sua capacidade de intervenção, que queria a aprovação de um orçamento que respondesse às necessidades do país, mas que o protegesse de cair numa recessão, de ver aumentada a sua pobreza, a sua precariedade, o seu desemprego, porque é a isso que nós vamos assistir.